Na Europa, onde a tradição se entrelaça com a modernidade, uma nova e inusitada tendência está redefinindo o conceito de lista de convidados. Esqueça os dilemas de quem cortar ou o medo de penetras indesejados. Agora, a pergunta é outra: “Quem estaria disposto a pagar para estar no seu casamento?”. A resposta, surpreendentemente, aponta para um mercado crescente e luxuoso, que transforma a celebração de um casal em uma experiência de imersão para desconhecidos.
A ideia, que começou de forma quase inocente na França, é vender convites para estranhos. Não para qualquer estranho, é claro. Estamos falando de um público específico: pessoas que buscam vivenciar a magia de um casamento, ou turistas endinheirados em busca de uma experiência cultural autêntica e inesquecível.
A semente desse negócio foi plantada por Katia Lekarski, fundadora da Invitin. O insight veio de sua filha de 5 anos, que, após ver a casa da família ser alugada para hospedar convidados de um casamento, perguntou por que elas não eram convidadas para celebrações também. A simplicidade da pergunta revelou uma lacuna no mercado: o desejo genuíno de muitas pessoas em participar da alegria e das tradições de um casamento.
O modelo é simples, mas audacioso. Empresas como a Invitin, na França, cobram entre 150 e 400 euros por “ingresso”, garantindo ao comprador a chance de participar de um casamento de verdade, muitas vezes em cenários de tirar o fôlego, como castelos e vinícolas. A motivação dos noivos? A mais pragmática possível: cobrir os altos custos de uma festa que, na Europa, pode facilmente se equiparar a um investimento.
Da França para a Itália: O Luxo da Imersão
A tendência não demorou a cruzar fronteiras. Na Itália, a Wedding Privè elevou a ideia a um novo patamar, transformando o “convite” em uma experiência de luxo. Com preços que podem chegar a 5 mil euros, a startup fundada por Davide Genovesi e Luca Manelli mira um público internacional, disposto a pagar por uma imersão completa na opulência e no glamour de um casamento italiano tradicional.
A transição da desconfiança inicial para a aceitação foi gradual. No começo, os noivos viam a ideia como invasiva. No entanto, o retorno financeiro e o ineditismo da proposta se mostraram atraentes. “Os convidados internacionais são acompanhados por um guia que traduz e explica o que está acontecendo, mas que também garante a segurança dos noivos, protegendo e preservando o seu dia especial de qualquer inconveniente”, explica Davide Genovesi.
Essa nova modalidade de festa de casamento reflete uma mudança de valores. Se, por um lado, o dinheiro se torna um fator motivador, por outro, revela o desejo de uma experiência mais fluida e menos formal. É uma oportunidade para os noivos de expandir sua celebração, e para os “convidados” de viverem um momento único, em um ambiente festivo e acolhedor, longe da formalidade de seus próprios círculos sociais.
A pergunta que fica é: até onde essa tendência irá? No futuro, a lista de convidados de um casamento pode não ser mais definida apenas por laços de sangue e amizade, mas também pela curiosidade, pela aventura e, claro, pelo valor de mercado de um assento na festa.